As PAE são consideradas perturbações do neuro desenvolvimento (DSM V, 2014). Défice em leitura/dislexia é uma “condição inesperada e inexplicável que ocorre numa criança de inteligência média ou superior, caraterizada por um atraso significativo em uma ou mais áreas de aprendizagem” (Mark Selikowitz, 1999). O aluno disléxico pode efetuar uma leitura muito inicial e imprópria para o seu nível escolar (silabada, com hesitações e alterações, sem ritmo e expressão e/ou com dificuldades de interpretação). Com défice na escrita/disortografia, isto é, com alterações na ortografia ou morfossintaxe e ou na grafo motricidade). Com défice na matemática/discalculia, isto é, com perturbações na escrita ou leitura de números, ordenação, cálculo, raciocínio matemático. Estas manifestações resultam da falta de pré-competências para o ato de ler que assenta em símbolos gráficos e fonéticos a serem reconhecidos, associados, integrados, combinados, interpretados, a uma velocidade cada vez maior. Isto é, falta uma resposta adequada, pronta, rápida de áreas instrumentais, básicas e essenciais, que constituem pré-requisito de aprendizagens simbólicas (leitura, escrita e matemática). Assim, ou revelam problemas percetivos auditivos (incluindo competências fonológicas), ou visuais (atender a pormenores visuais – até ao copiar um texto, poderão fazê-lo com erros graves – não rechamar palavras já conhecidas); atraso na psicomotricidade: i) na interiorização da imagem do corpo – se não consegue reconhecer e perceber, a partir do seu próprio corpo, o atrás, ao lado, à frente, a direita e a esquerda, etc., encontra-se “desamparado” em relação ao mundo exterior; para se orientar no espaço necessita de conhecer o seu próprio corpo, interiorizar a sua estrutura; ii) na lateralidade – reconhecimento de direita-esquerda no seu corpo ou no de outra pessoa ou no exterior pode estar inseguro ou confuso; iii) na orientação espacio-temporal – não conseguir situar-se no espaço, num mapa ou no globo terrestre e/ou não compreender a orientação dos símbolos gráficos, não compreender um gráfico ou uma tabela de dupla entrada, ou não aprender a ver as horas, a distinguir os dias da semana, os meses do ano ou relacionar acontecimentos ordenados no tempo; iv) dificuldades em leitura – ler com hesitações e alterações, sem ritmo e expressão; v) apresentar alterações na escrita – erros por confusões, inversões, adições, omissões ligações, separações ou substituições, desrespeito de regras, etc.; vi) ter fracas competências psicolinguísticas – a linguagem compreensiva e ou expressiva estar empobrecida; vii) os traçados grafo motores – apresentarem-se alterados – ter baixo controle e destreza motora fina e ou porque as formas são traçadas com direção inadequada; viii) dificuldades de atenção e de memória – imediata ou de longo prazo, não recordando, nem retendo séries sequenciais ouvidas, nem memorizando visualmente símbolos gráficos, palavras ou letras. Estas competências constituem como que “alicerces” em relação às aquisições iniciais escolares. A leitura só é possível quando, a partir de uma maturidade indispensável, são possíveis a integração e o reconhecimento de diferenciações. Atraso significativo em leitura e escrita, acarretam fraca realização generalizada. Têm a sua génese em disfunção neurológica e requer um tratamento terapêutico intensivo. Alguns casos de dislexia parecem ter uma etiologia genética, mas inúmeros outros ocorrem de lesões cerebrais intrauterinas ou provocadas por infeções, ou outras causas. Trata-se de alunos com inteligência normal, com órgãos sensoriais intactos e podem ter tido ensino adequado. Afeta 5 a 10% de alunos. O professor deverá ser o primeiro a suspeitar que a criança pode ter uma perturbação específica de aprendizagem.
O aluno disléxico é geralmente triste, deprimido, angustiado, devido ao fracasso, apesar dos esforços, para superar as suas dificuldades. Esta frustração, originada por anos de esforço sem êxito, e de comparação com os demais alunos, pode dar origem a sentimentos de inferioridade e de baixa auto estima. Tendem a exibir um quadro mais ou menos típico, com variações de caso para caso. A certa altura do seu percurso, podem revelar reduzida motivação e empenho pelas atividades que impliquem leitura e escrita, o que vai aumentar as dificuldades escolares; ou recusar situações e atividades que exijam ler em voz alta, pelo medo de se expor; ou apresentar sintomatologia ansiosa, sobretudo em trabalhos de avaliação; refletir um sentimento de insegurança e vergonha em resultado do sucessivo e generalizado inêxito. Para uma intervenção eficaz, os docentes necessitam de formação específica – formação teórico-prática creditada.
Dislexia – Cadernos de Reeducação Pedagógica – Helena Serra (supervisão e orientação)
Esta coleção, constituída por 6 títulos que se destinam a crianças e jovens, dos 5 aos 16 anos, pretende contribuir para a superação das dificuldades em áreas desenvolvimentais básicas que constituem pré-competências das exigências simbólicas da escolaridade.
Avaliação e diagnóstico em dificuldades específicas de aprendizagem – Helena Serra (supervisão e orientação), Glória Nunes e Clara Santos
Estas obra propõe diversificados exercícios de (re)educação de destinados a portadores de Dificuldades Específicas de Aprendizagem nas Áreas da Linguagem (subáreas compreensiva e expressiva), Psicomotricidade (subáreas do esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e temporal), Percetiva (subáreas visual e auditiva), Motricidade (subáreas ampla e fina). Encontram-se ainda propostas reeducativas para a Área Académica nas vertentes de Leitura, Escrita e Aritmética).
Exercícios de memória – Celeste Vieira | Ilustrações: Daniela Barbosa e Joana Granja Orientador: Professora Doutora Helena Serra
TSF – Pais e Filhos: Auto Estima e Dislexia, 4 de janeiro de 2018, com a intervenção de Helena Serra