A Perturbação do Desenvolvimento Intelectual é uma perturbação no período de desenvolvimento caracterizada por défices nas capacidades mentais gerais (raciocínio, resolução de problemas, planeamento, pensamento abstrato, discernimento, aprendizagem académica e aprendizagem pela experiência). A prevalência mundial varia de 1% a 3% com etiologia heterogênea. No período pré-natal incluem-se as síndromes genéticas, erros congénitos do metabolismo, malformações cerebrais, doença materna e influências ambientais (álcool, toxinas, etc.), no período perinatal considera-se uma etiologia relacionada com eventos do trabalho de parto e no período pós-natal, as lesões isquémicas hipóxicas, lesões cerebrais traumáticas, infeções, perturbações convulsivas, etc.
As características essenciais são os défices nas capacidades mentais gerais e prejuízo do funcionamento adaptativo diário em comparação com os pares da mesma idade. Após a primeira infância, a perturbação é em geral vitalícia, embora os graus de gravidade possam variar ao longo do tempo. Intervenções precoces e contínuas podem melhorar o funcionamento adaptativo ao longo da infância e da idade adulta. Nalguns casos isso resulta em melhorias significativas do funcionamento intelectual, por isso, é prática comum, ao avaliar crianças muito jovens, o adiamento do diagnóstico de incapacidade intelectual para depois de ser proporcionado um curso de intervenção apropriado. Para crianças mais velhas e adultos, a extensão de suporte providenciado pode permitir a participação completa em todas as atividades da vida diária e um funcionamento adaptativo melhorado.
Nas avaliações diagnósticas tem-se de determinar se a melhoria das capacidades adaptativas são resultado de uma aquisição estável, generalizada, de novas capacidades, ou se é uma contingência da presença de suportes e intervenções contínuas. Muitos indivíduos com incapacidades intelectuais, particularmente aqueles de gravidade leve ou moderada, são capazes de viver de forma independente e de contribuir para a sua comunidade, são frequentemente capazes de atingir alguma autossuficiência e de levar uma vida feliz e gratificante. Já os indivíduos com incapacidades intelectuais graves geralmente não são capazes de viver de forma independente.
Podemos associar aqui o Atraso Global do Desenvolvimento (AGD) como diagnóstico isolado e reservado para as idades inferiores aos 5 anos, quando o nível de gravidade clínica não pode ser avaliado com segurança durante a primeira infância. Esta categoria é diagnosticada quando falha o cumprimento dos marcos do desenvolvimento esperados em várias áreas do funcionamento intelectual e aplica-se a crianças que são incapazes de se submeter a avaliações sistemáticas do funcionamento intelectual, incluindo crianças que são demasiado novas para cooperar em testes estandardizados. O diagnóstico de AGD requer reavaliação após um certo período de tempo (APA/DSM-V).
Em Construção
PRINCIPAIS CAUSAS DA INCAPACIDADE INTELECTUAL
DSM-5: CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA PERTURBAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
A. Défices nas funções intelectuais. A deficiência no funcionamento intelectual é caracterizada por défices na generalidade das capacidades cognitivas/funções intelectuais, tais como: raciocínio, resolução de problemas, planeamento, pensamento abstracto, julgamento, aprendizagens académicas e aprendizagens realizadas com base na experiência. A deficiência no funcionamento Intelectual requer um défice cognitivo de, aproximadamente, 2 ou mais desvios-padrão no quociente de inteligência (QI), situando-se abaixo da média da população para uma pessoa da mesma idade e grupo cultural. Normalmente, este desvio corresponde a um QI de aproximadamente 70 ou menos e é medido através de testes individualizados, padronizados, culturalmente adequados e com validade psicométrica.
B. Défices no funcionamento/comportamento adaptativo. Os défices na generalidade das capacidades cognitivas prejudicam o funcionamento do sujeito quando comparado com uma pessoa da mesma idade e grupo cultural, limitando e restringindo a sua participação e desempenho em um ou mais aspectos de actividades da vida diária, tais como: a comunicação, participação social, funcionamento escolar ou laboral, e na independência pessoal em casa ou em ambientes comunitários. Estas limitações têm, como consequência, a necessidade de um maior ou menor apoio na escola, no trabalho ou na vida diária. Assim, para além de uma deficiência intelectual, também é requerido um défice significativo no funcionamento/comportamento adaptativo. Por norma, o comportamento adaptativo é medido através da aplicação de testes individualizados, padronizados, culturalmente adequados e com validade psicométrica.
C. Início durante o período de desenvolvimento.
Deve ser especificado o nível de gravidade actual:
1. Ligeiro
2. Moderado
3. Grave
4. Profundo
Especificadores: a caracterização da Perturbação do Desenvolvimento Intelectual deixou de se basear no nível de Q.I.. Os diferentes níveis de gravidade são definidos de acordo com o funcionamento/comportamento adaptativo, o qual determina o nível de apoios necessários.