A comunicação define-se como um processo complexo de troca de informação, que se estabelece entre duas ou mais pessoas, de forma a que a atividade de uma delas influencie o comportamento da(s) outra(s) (Krebs & Davies, 1993). De acordo com o contexto, com as necessidades e capacidades do emissor e recetor, e com o conteúdo da mensagem a transmitir, esta troca de informação pode materializar-se através de distintas formas, nomeadamente através da fala, da escrita, do desenho e dos gestos.
Considera-se que um indivíduo apresenta uma ‘Perturbação da Comunicação’ quando se encontra comprometida a sua capacidade de receber, enviar, processar ou compreender conceitos verbais, não verbais e sistemas de símbolos gráficos (DSM V, 2013). Assim, as Perturbações da Comunicação podem ter na base distintos quadros, nomeadamente:
– dificuldades ao nível da aquisição e uso da linguagem, evidentes no início do período de desenvolvimento, e não atribuíveis a deficiência sensorial, motora ou neurológica, que se traduzem, nomeadamente, por um vocabulário reduzido e uma estrutura frásica limitada;
– dificuldades persistentes ao nível da produção de sons da fala que interferem com a inteligibilidade do discurso e que não são atribuíveis a condições congénitas ou adquiridas como paralisia cerebral, fenda palatina ou perda auditiva;
– dificuldades ao nível da fluência da fala, comummente diagnosticadas como ‘gaguez’, que se manifestam por frequentes repetições ou prolongamentos de sons e sílabas, bloqueios audíveis ou silenciosos, repetição de palavras monossilábicas, circunlóquios e produção de palavras com um excesso de tensão física;
– dificuldades persistentes no uso da comunicação verbal e não verbal, que se traduzem por défices na adequação da comunicação aos diferentes propósitos sociais, aos distintos contextos e a diferentes interlocutores, e por défices na compreensão de significados ambíguos, tais como metáforas e expressões idiomáticas;
– dificuldades ao nível vocal, que podem incluir alterações ao nível do volume, da qualidade, do timbre ou da ressonância vocal.
Vários estudos têm demonstrado que as Perturbações da Comunicação têm implicações negativas ao nível da aprendizagem e sucesso académico dos indivíduos, sobretudo pelo facto de comprometerem a aquisição de competências de literacia (ASHA, 1993;Nippoldet al, 2009; Overbyet al, 2012), podendo ainda influenciar negativamente o desenvolvimento das relações com os pares (Bernstein &Tiegerman-Farber, 2002; Wadmanet al, 2008). Estas dificuldades podem resultar em frustração, comportamentos indesejados e baixa auto-estima.
Os profissionais de educação têm um papel fundamental no despiste e intervenção precoce junto dos indivíduos com Perturbações da Comunicação, podendo contribuir para minorar os obstáculos que estes encontram diariamente, nomeadamente através do encaminhamento para um profissional especializado como o Terapeuta da Fala. É assim fundamental que os docentes aprofundem os seus conhecimentos, não só sobre o desenvolvimento típico da comunicação, linguagem e fala – de modo a poderem reconhecer sinais de alerta – mas também sobre as estratégias que poderão implementar para que, de forma sustentada e em equipa, possam promover o desenvolvimento comunicativo e linguístico destes indivíduos e capacitá-los para a sua vida escolar, social e pessoal.
Em Construção.